NUTRINDO COM A BIODIVERSIDADE: PROPOSTA DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA PARA FOMENTAR O CONHECIMENTO SOBRE PLANTAS ALIMENTÍCIAS
Esta pesquisa parte da importância de fomentar o conhecimento sobre a biodiversidade nativa para sua preservação, especialmente, de organismos considerados não carismáticos e atraentes como as plantas. Diante disso, os objetivos deste estudo foram investigar: 1) os elementos que influenciam na aceitabilidade dos professores e estudantes para a construção de um material didático sobre plantas alimentícias; 2) a sistematização desse processo de transposição didática para construção do material e 3) a influência do material no interesse e conhecimento dos estudantes, bem como, dos desafios que os professores tiveram na implementação do material. Ao elaborarmos o material sentimos a necessidade de uma maior regionalização. Assim, consideramos a importância de uma pesquisa-ação, envolvendo apenas uma escola participante, a fim de aprimorar o material para um contexto regionalizado. Desse modo, também faz parte desta pesquisa os seguintes objetivos: 4) a sistematização de um segundo processo de transposição didática que visa a adaptação do material já elaborado para um contexto regionalizado; e 5) a aferição da aceitabilidade, interesse e conhecimento do material regionalizado. Diante desses objetivos, utilizamos uma orientação metodológica predominantemente qualitativa (com entrevistas e diário de campo) e complementamos com alguns dados quantitativos (com questionários em escala tipo Likert de quatro pontos). Para tal, participaram da pesquisa 45 estudantes na faixa etária de 11 a 14 anos e 5 professores de Ciências de escolas localizadas na região da Baixada Santista/SP. Para construção do material didático intitulado “É mato, planta ou comida?” utilizamos referenciais como Chevallard (1991), Clément (2006) e Lombard e Weiss (2018). Como principais resultados, constatou-se um interesse dos estudantes em aspectos relacionados ao valor utilitário da biodiversidade. Também constatamos, um maior interesse das meninas do que dos meninos em aprender sobre plantas comestíveis que previnem doenças. No que se refere ao conhecimento, percebemos um conhecimento limitado da flora brasileira com potencial alimentício, especialmente, de verduras e legumes quando comparado com as frutas. O açaí foi a fruta nativa mais conhecida e acreditamos que isso é devido a ampla comercialização do produto. Em relação a adaptação do material para um contexto regionalizado, foi necessária uma contextualização para que o material pudesse ser inserido dentro da temática de biomas para ser aplicado em uma turma do 7º ano dos Anos Finais. Em síntese, consideramos relevante que se invista na construção de materiais didáticos que valorizem a biodiversidade nativa a partir do território presente no entorno dos estudantes.