O serviço de empréstimo de materiais em museus de ciências
Os setores educativos dos museus trabalham para criar relações entre as instituições museológicas e seus diferentes públicos. Entre os serviços oferecidos, destacam-se visitas monitoradas às exposições, cursos de formação, desenvolvimento de materiais educativos e empréstimo de kits para professores. Todas essas iniciativas fazem parte da função educativa dos museus, um dos pilares dessas instituições, que vem se ampliando desde o início do século passado. Esta pesquisa visa caracterizar o serviço de empréstimo de materiais destinados a professores, oferecido por museus e centros de ciências no Brasil. Para isso, desdobra-se em três objetivos específicos: I) identificar a abordagem do tema nas pesquisas brasileiras no âmbito da educação não formal; II) descrever o serviço de empréstimo de materiais em museus e centros de ciências brasileiros para professores, caracterizando procedimentos, orientações e demais informações disponíveis nos websites institucionais; III) analisar como os professores se relacionam com o serviço de empréstimo oferecido pelas instituições museológicas. A dissertação, desenvolvida no formato multipaper, será composta por três artigos, cada qual contemplando um dos objetivos apresentados. Em termos metodológicos, a pesquisa é quali-quantitativa. Os dados foram coletados por meio de levantamento bibliográfico no portal de periódicos da CAPES, abrangendo os artigos publicados nos últimos dez anos que possuíam o termo educação não formal. Também foi realizada uma análise documental a partir dos sites dos museus e centros de ciências, inicialmente do estado de São Paulo. Por fim, foi aplicado um questionário online com a participação de quinze professores. Os dados, quando aplicável, foram submetidos à análise de conteúdo categorial. Os resultados iniciais indicam que as pesquisas analisadas, focadas nos objetos museológicos, dedicam-se majoritariamente a explorar as interações do público com as exposições e a acessibilidade do acervo, sem considerar em profundidade o serviço de empréstimo. Isso revela uma lacuna na produção de conhecimentos sobre o tema no Brasil e/ou a incipiência do oferecimento desses serviços nas instituições. Nesse sentido, no segundo artigo, identificou-se, em uma análise parcial, que o serviço de empréstimo de materiais está presente em cinco museus no estado de São Paulo, todos universitários. Dentre eles, o Museu de Zoologia e o Museu de Geociências, ambos da Universidade de São Paulo, possuem um serviço bem estruturado, oferecendo kits com réplicas, espécimes conservados, material impresso, jogos, entre outros. No entanto, há obstáculos como a falta de informações claras sobre os procedimentos de empréstimos, as características do material disponível e guias para sua utilização. Em relação à apropriação desse serviço, a partir do questionário com professores, identificou-se que a maioria desconhece esse recurso ou alega morar distante de uma instituição museal. Dos quatro participantes que fizeram uso, todos residem próximos a um museu ou souberam da possibilidade por intermédio de um conhecido. Relatam ter utilizado réplicas e espécimes para abordar temas como biomas, zoologia e geologia, justificando o uso pela possibilidade de contato dos alunos com o material. Destacam, contudo, dificuldades como a burocracia e o risco de danificar os objetos. Essas descobertas preliminares reforçam a necessidade de mais estudos sobre a temática, e que, apesar do empréstimo ser uma possibilidade em alguns museus brasileiros, há a necessidade de maior divulgação e acessibilidade a esse serviço, visando ampliar o impacto educativo dos museus e promover um uso mais eficaz dos recursos disponíveis.