Visibilidade de mulheres na Ciência: da formação no curso MCCM à prática docente
As discussões sobre a participação das mulheres na Ciência têm crescido no meio acadêmico e científico. Contudo, muitas mulheres continuam sendo sub-representadas e invisibilizadas, por não terem suas contribuições científicas reconhecidas. Estimular esse tipo de debate no contexto das universidades, especialmente na formação inicial e continuada de professores de Ciências, é imprescindível para diminuir a invisibilidade das cientistas. Isso porque, como futuros docentes, esses profissionais poderão, em suas aulas, discutir os estereótipos associados à figura do cientista, além de incentivar meninas a seguirem carreiras nas áreas científicas. Com uma abordagem qualitativa, a presente pesquisa visa aproximar licenciandos e licenciados em Ciências Naturais e/ou Exatas das discussões relacionadas às mulheres na Ciência. Nesse sentido, esta tese tem como objetivo investigar a relação entre a prática docente e a visibilidade das mulheres na Ciência, a partir das concepções de professores e professoras de Ciências da Natureza, em estágio de formação inicial e continuada, participantes da terceira edição do curso de Formação de Professores Menina Ciência – Ciência Menina, realizado pela Universidade Federal do ABC. Busca-se, assim, obter indicadores que possam ser utilizados à luz da formação docente e de seu papel na promoção da equidade de gênero. Os dados foram coletados por meio da aplicação de três questionários estruturados, via Google Forms, em três momentos distintos: o primeiro, no início do curso, com questões abertas e fechadas, visando traçar o perfil dos participantes, especialmente no que se refere à importância de discutir a presença das mulheres na Ciência em sua formação e prática docente; o segundo, com questões abertas, foi aplicado durante a realização do curso, com o intuito de levantar reflexões sobre o papel da prática docente na desconstrução de estereótipos de gênero na Ciência e na ampliação da representatividade feminina no campo científico; e o terceiro, aplicado após o curso, teve como objetivo analisar as concepções adquiridas após as intervenções e reflexões atreladas à própria prática e aos processos formativos. Também foram realizadas entrevistas semiestruturadas, via Google Meet, com doze participantes. Para a análise dos dados, recorreu-se à Análise Textual Discursiva, conforme proposta por Moraes e Galiazzi, a partir da qual emergiram categorias que orientam os capítulos deste trabalho. Os resultados destacam que os sujeitos relataram ter tido poucas abordagens sobre mulheres na Ciência durante sua trajetória na Educação Básica. Recordam-se de que os livros didáticos, quase sempre, enfatizavam cientistas homens. Evidenciaram-se, contudo, algumas possibilidades para a promoção da representatividade de mulheres cientistas na prática docente. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para a visibilidade das mulheres na Ciência, fortalecendo, assim, a equidade de gênero no contexto escolar e científico.