RACISMO RELIGIOSO
DECOLONIZANDO CURRÍCULOS E SABERES
O racismo religioso, cujo ápice se expressa pelo ódio a tudo o que é relacionado à cultura negra, vem sendo, desde a chegada dos portugueses em nosso país, uma realidade vivenciada especialmente por adeptos de religiões minoritárias, como as afro-brasileiras. Presente em todos os locais e implantada subjetivamente nas ações cotidianas, precisa ser enfrentada e combatida. A herança colonial discriminatória, difundida em nossos sistemas de ensino, incluem visões de ciência e religião pautada num referencial eurocêntrico, cuja visão de mundo considerada moderna coloca a civilização europeia como o ápice da humanidade e do progresso. Tal entendimento garantiu aos colonizadores um padrão de poder, aceito e difundido pela religião dominante, a religião católica, também considerada como superior, sendo a única aceita e correta. No cenário atual, dados do Data Folha (2020), revelam que o catolicismo vem perdendo adeptos e hoje representam 50% da população brasileira, enquanto os evangélicos crescem exponencialmente, já atingindo 31%, e suas vertentes tradicionais ainda expressam o conjunto de teorias e crenças representadas através de atitudes hostis em relação aos 2% declarados adeptos de religiões como umbanda, candomblé ou outras religiões afro-brasileiras. Denominamos tais ações de ódio e violência com ações discriminatórias por razões como as de raça, sexo, religião, ascendência nacional, origem social ou outros critérios de discriminação, que visem destruir, excluir ou alterar a igualdade ou oportunidade de tratamento, como racismo, identificando-as dentro da sociedade como um todo e em nossos sistemas educacionais. Esse estudo visa analisar esse fenômeno, o papel da universidade e a epistemologia por ela desenvolvida no combate às discriminações, focada, especialmente, no âmbito religioso, dentro de uma perspectiva decolonial.