A Experiência de Uma Pesquisadora Surda nos Serviços de Saúde: Inclusão pela Perspectiva do Design para a Língua de Sinais
Esta dissertação investigou a experiência de uma usuária Surda nos serviços de saúde, com o objetivo de entender como as barreiras linguísticas enfrentadas pela comunidade Surda impactam o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde. A fundamentação teórica baseou-se em três modelos de saúde da pessoa Surda. O modelo médico trata a surdez como uma deficiência que precisa ser corrigida, focando em intervenções clínicas como aparelhos auditivos, implantes cocleares e terapias de fala, e tem como objetivo normalizar a audição e a fala da pessoa Surda para integrá-la ao mundo ouvinte. Em contraste, o modelo social vê a surdez como uma construção social resultante de barreiras e atitudes discriminatórias, enfatizando a remoção de barreiras arquitetônicas, comunicativas e atitudinais, promovendo os direitos e a inclusão das pessoas Surdas na sociedade. Por fim, o modelo cultural trata a surdez como uma identidade cultural e linguística distinta, celebrando a língua de sinais e as tradições culturais da comunidade Surda, cujo objetivo é valorizar e promover a identidade cultural e a comunicação por meio da língua de sinais.
Como ferramenta metodológica, utilizou-se uma abordagem autoetnográfica, a qual combina métodos autobiográficos e etnográficos, permitindo uma análise profunda e autêntica das experiências dos Surdos, realizada pela própria autora, uma pesquisadora Surda. Essa abordagem proporciona uma perspectiva interna e genuína, além de explorar barreiras culturais e linguísticas, validar experiências pessoais, desenvolver soluções relevantes e empoderar a comunidade Surda.
Os principais resultados indicam que, para desenvolver um serviço de saúde inclusivo, é fundamental traçar a perspectiva dos Surdos para alcançar a equidade, inclusive a tecnológica. Além disso, é necessário mapear e visualizar os pontos de contato na jornada dos Surdos, integrando essa jornada aos serviços de saúde como um todo, de modo a promover a universalização e a equidade no acesso. Como resultado, esta pesquisa propõe uma nova visão para o campo do design, o Design para a Língua de Sinais, que atende especificamente às necessidades e preferências da comunidade Surda, enfatizando acessibilidade, inclusão e relevância cultural.
Entre as limitações do estudo, destaca-se a generalização das experiências individuais para toda a comunidade Surda. Portanto, estudos futuros poderiam explorar a aplicação prática das recomendações propostas, avaliando seus impactos em diferentes contextos de saúde, bem como em outras esferas da vida da pessoa Surda.