RAINHAS DO PALÁCIO:
AS MULHERES NA CARREIRA DIPLOMÁTICA BRASILEIRA
Desde 1993 as mulheres configuram, anualmente, menos de 25% dos ingressantes à carreira diplomática brasileira. Em 2019 as mulheres ainda eram menos de 25% do total de diplomatas brasileiros e a maioria delas não alcançam o grau de maior prestígio na hierarquia itamaratiana. Sob essa égide, a presente pesquisa busca compreender como a estrutura do Ministério das Relações Exteriores (MRE) perpetua desigualdades de gênero quanto à ascensão das mulheres na carreira diplomática brasileira. As hipóteses sugeridas estão relacionadas ao caráter insular do Itamaraty, ao seu ethos e tradição próprios e à sua ligação com a continuidade da elite masculina branca como um forte ator econômico e político. O estudo realizado é tanto qualitativo como quantitativo, mediante revisão bibliográfica, análise de documentário e de dados fornecidos pelo MRE por meio do sistema de acesso à informação do governo federal. As teorias feministas das Relações Internacionais serão utilizadas como arcabouço teórico, sobretudo o feminismo construtivista e o pós-estrutural. Para tanto, após o primeiro capítulo apresentar uma breve introdução sobre o tema proposto, o segundo capítulo abordará as ondas feministas, a questão de gênero e seu envolvimento com as Relações Internacionais. No terceiro capítulo, é feita uma breve abordagem histórica do Itamaraty, apresentando e analisando suas principais características, como seu ethos. O quarto capítulo traz a questão da mulher na carreira diplomática brasileira. Tem-se que o Itamaraty perpetua desigualdades de gênero em seu interior por basear-se em uma estrutura hierárquica-patriarcal, construída e consolidada ao longo dos anos. As ondas feministas não passaram de marolas no MRE. Mais do que ações institucionais, é preciso vincular uma nova imagem de diplomata à sociedade como um todo.