Segregação e extermínio: o eugenismo revisitado na capital de São Paulo (2004-2017)
O movimento eugenista emerge no final do século XIX, na Inglaterra, tendo o principal precursor Francis Galton (1822-1911); no Brasil, a sua receptividade se deu a partir dos anos de 1917, cujo expoente e interlocutor foi Renato Kehl (1889-1974). Os ideólogos da eugenia apostavam na sua efetivação para eliminar os grupos que apresentavam comportamentos anormais, por meio de políticas públicas de controle de natalidade, prisões, eliminação física dos indesejáveis e outros métodos. A presente pesquisa tem como finalidade examinar a evolução do eugenismo até os dias atuais e as formas que o eugenismo tem assumido no Brasil no século XXI. Serão consideradas as políticas de combate às drogas, o encarceramento em massa e a letalidade na capital de São Paulo, no período de 2004–2017. Para sustentar a presente tese, serão apreciados os documentos que tem orientado as políticas sobre drogas no Brasil, os dados sobre encarceramento disponível, e relatórios institucionais sobre o Mapa da Violência e os dados sobre letalidades extraídas dos boletins de ocorrência. Ao fazer o levantamento sobre encarceramento e letalidade o mote é representar os dados de forma cartográfica a fim de demonstrar as regiões de onde originam as vítimas do encarceramento e letalidade, pois se acredita que ao cartografar as informações apanhadas poderão oferecer elementos para melhor compreender qual o público alvo do eugenismo contemporâneo.