A criminalização da infância pobre em São Paulo na interface entre a Crimonologia e a Psiquiatria. Um estudo em perspectiva histórica.
O presente estudo tem por objetivo demonstrar como a atuação médica psiquiatra da década de 1920/30, principalmente a exercida pelo psiquiatra Antonio Carlos Pacheco e Silva no Hospital Juquery, fomentaram a construção da hoje conhecida Unidade Experimental de Saúde (UES). Para tanto, neste momento, foram analisadas bibliografias, de forma qualitativa, para descrever o nascimento da criminologia no Brasil e o impacto dessa ciência na vida das pessoas negras no período pós abolição do regime escravagista, bem como, a influência do saber médico psiquiatra que fundamentou a perseguição em face da infância e juventude pobre de São Paulo.
Neste ponto, foram analisados inúmeros documentos do Fundo Pacheco e Silva localizado no Museu Histórico Professor Carlos Silva Lacaz da Faculdade de Medicina da USP. Desta pesquisa foi possível entender que o psiquiatra Pacheco e Silva transcendia a função de médico psiquiatra e ocupava, muito proeminente (e quem sabe com certa crueldade) o espaço de criminólogo. Sua performance, especialmente junto ao Juquery, foi utilizada como base para fundamentar a perseguição da infância anormal, atualmente considerada de perigosa.
Assim, no atual momento da pesquisa, buscou-se fundamentar a participação do psiquiatra na criminalização da infância pobre e negra de São Paulo, alocando-o como criminogo.