Os sentidos sociais da ideia de austeridade no Brasil recente: como ela legitima ou constrange os policy makers
As bases de sustentação da ideia de austeridade fiscal dos governos quaisquer que sejam remontam idéias propagadas desde às premissas dos clássicos do pensamento filosófico e econômico, o individualismo e sua visão de mundo, que moldaram o fenômeno da modernidade, perpassando pela revolução marginalista e preocupação em se ter um método para se justificar enquanto ciência, desvinculada da política, de caráter técnico, através de importações de analogias e metáforas das ciências naturais, até a formalização da profissão do economista e seu devir no mundo social, a performatividade da ordem assentada no mercado, num processo materialmente orientado pela hegemonia americana; que alcança às sociedades contemporâneas por meio de um imperativo irredutível que afronta quaisquer outras ciências. Este trabalho busca mostrar como esta ideia de austeridade formada na história do pensamento econômico tem um poder simbólico por se afirmar enquanto aquilo que produz a própria realidade, e como esta ideia globalizada de austeridade e um receituário pré definido de política econômica legitima ou constrange os “policy makers” - agentes públicos que conduzem a política econômica – por seguir este protocolo, independente dos resultados práticos a que se levou as políticas implementadas e aos interesses da ordem civil.