MULHERES NEGRAS FAZEM HISTÓRIA? A atuação das feministas negras do estado de São Paulo no Centenário da Abolição (1988)
Esta pesquisa tem como objetivo investigar a atuação das feministas negras do estado de São Paulo durante o Centenário da Abolição, em 1988, focando nas narrativas criadas por elas sobre a história do Brasil e a história das mulheres negras brasileiras. Nessa pesquisa a história foi entendida em seu caráter dual, se referindo tanto ao processo sócio-histórico quanto ao conhecimento sobre ele. Assim, assumo que as mulheres negras atuaram não apenas como agentes históricas, mas também como narradoras, atribuindo elaborando uma narrativa histórica autodefinida a partir da obra de Patricia Hill Collins e Michel-Rolph Trouillot, propondo o termo Feminismo Negro Historiador para designar esse processo. Para isso, foi realizada uma pesquisa documental nos acervos Centro de Informação da Mulher – CIM, Centro de Documentação e Memória Institucional de Geledés e a Coleção Centenário da Abolição, do Acervo de Cultura Contemporânea do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ. A produção do conhecimento histórico é atravessada por relações de poder que resultam em silenciamentos e narrativas estereotipadas sobre grupos historicamente oprimidos. Durante o Centenário da Abolição, as feministas negras atuaram organizando eventos, como o Tribunal Winnie Mandela, e elaborando narrativas autodefinidas sobre a história do Brasil e a história das mulheres negras brasileiras, combatendo assim, os silenciamentos e estereótipos presentes nas narrativas históricas hegemônicas.