O comum na encruzilhada: cartografia de um laboratório cidadão.
Um experimento baseado na construção de uma instituição do comum em Santos, São Paulo, é o objeto desta tese, cuja elaboração também dialoga com iniciativas semelhantes de 12 cidades e 6 países da Europa e da América do Sul que foram visitados ao longo da pesquisa. Propõe um método: a cartografia comuneira, e dobras teóricas surgidas quando movemos o conceito do comum do norte para o sul, afirmando a encruzilhada como lugar de resistência ao colonialismo e campo de possibilidades para a transformação da realidade: o devir-terreiro e o devir-floresta do comum. Esse deslocamento tem como intenção alimentar o campo de estudo do comum com saberes, métodos e táticas colaborativas protagonizadas pelos subalternizados dos territórios periféricos brasileiros. Parte do pressuposto de que o fazer comum pode contribuir para a superação do capitalismo e demonstra formas de alargar o espaço do autogoverno, extraindo de volta ou protegendo o que é potencialmente de todos do movimento de privatização generalizado que caracteriza o neoliberalismo. Como contribuição principal, documenta o processo de invenção de um laboratório cidadão, uma instituição política do comum na qual as pessoas se reúnem para criar tecnologias e promover inovações em defesa da vida.