Trajetórias de re-existência de indígenas do povo Puri LGBTQIA+ no lócus fraturado da diferença neoliberal
Diversos povos indígenas foram declarados extintos em decorrência do genocídio e, sobretudo, etnocídio promovido pelo avanço da invasão europeia e seus descendentes sobre o solo que hoje é chamado de Brasil, entre eles o povo Puri. Apesar de uma narrativa oficial de extinção desse povo, no censo do IBGE de 2010, 675 pessoas se autodeclaram Puri. Essa população, em um processo denominado de etnogênese, tem buscado reconstruir práticas originárias tradicionais desta etnia que foram silenciadas pelo processo colonial. Estão atualmente organizados em três comunidades diferentes em Minas Gerais e marcam presença na Aldeia Marakanã (multiétnica), situada no Rio de Janeiro, além de realizar encontros presenciais e mobilizar comunidades virtuais em que trocam contatos e experiências. Essas pessoas, que têm em comum a ancestralidade Puri, são diversas entre si e possuem identidades de gênero e orientações sexuais distintas, que invariavelmente aparecem neste processo de ressurgência étnica. Portanto, o objetivo dessa pesquisa é, através de um trabalho autoetnográfico, analisar como se dão as resistências e re-existências dessas pessoas que interseccionam as identidades indígena puri e LGBTQIA+ ante as fraturas deixadas pela colonialidade e que ainda se manifestam na atual fase do neoliberalismo.