TRAJETÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DE MULHERES DO GRANDE ABC PAULISTA
Nossa proposta na tese é de registrar e compreender a trajetória de mulheres da região do Grande ABC, estado de São Paulo, que tiveram participação em movimentos sociais e suas articulações tanto no âmbito público; quanto no âmbito privado, desde o período do final da ditadura até os dias atuais. Para o texto de qualificação foram escolhidas as memórias de três mulheres que moravam na região no período ditatorial brasileiro, em que analisamos como narram sobre suas experiências de socialização e engajamento sindical e político. Suas memórias, que são construídas e reconstruídas através da transmissão na rede familiar e de amizade, no espaço e tempo de os contextos das entrevistas virem à tona (Pollack, 1989). Nas suas narrativas foram tecidas memórias sobre experiência na Igreja, no convívio com outras mulheres, família e trabalho. A ideia de desenvolver um estudo aprofundado sobre as trajetórias e memórias surgiu durante a pesquisa de pesquisa de mestrado da autora em que, através de entrevistas com as mulheres da região, descobrimos articulação e influência dessas mulheres nos movimentos sociais. As atuações e experiências dessas mulheres por muito tempo ficaram submersas e até esquecidas, de uma certa forma, mas não se perderam. Nesse texto deslocamos o olhar dos movimentos sociais surgidos na época para as memórias das mulheres que compuseram movimentos sociais. Ressaltamos que o período escolhido para estudo ainda estava sob o governo ditatorial e além das lutas por direitos, também eram relevantes os movimentos contra a ditadura, a favor da redemocratização. Buscamos conhecer a trajetória de cada uma, tanto na vida pessoal, quanto na vida pública e analisar como elas conseguiram conciliar e significar as suas participações e experiências.