NÃO EXISTE MULHER BANDIDA”: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES DE GÊNERO NAS PRISÕES PAULISTAS A PARTIR DA TEORIA DA REPRODUÇÃO SOCIAL
Entendemos a prisão como uma instituição estreitamente relacionada ao modo capitalista de produção e reprodução da vida. Desta feita, estudamos a prisão e suas dinâmicas internas com o objetivo de, para além de apreender e apresentar tais relações, entender como suas dinâmicas explicam e são explicadas pela atual conformação da ordem sociometabólica do capital. Fundamentadas pela Teoria da Reprodução Social (TRS), buscamos entender como as relações de gênero, co-constituídas pelas relações de raça, classe e sexualidades, perpassam e conformam as dinâmicas das prisões do estado de São Paulo marcadas pela presença da organização de presos Primeiro Comando da Capital. O problema da presente pesquisa a situa no âmbito da pesquisa qualitativa, e sua complexidade exigiu a coleta de dados e informações provenientes de diversas fontes. Optamos pela realização de entrevistas com pessoas presas, egressas e funcionárias de prisões paulistas; pela observação das dinâmicas e relações de poder nas instituições prisionais a partir de visitas realizadas a estes espaços; pela análise de materiais produzidos pelo próprio PCC; e pela análise do depoimento de uma pessoa considerada uma das lideranças da organização. Desenvolvemos análises sobre a divisão sexual do trabalho no PCC no âmbito das prisões, sobre as representações de gênero que modulam os discursos de pessoas presas, egressas e funcionárias prisionais e sobre o impacto das masculinidades na construção das experiências da população LGBTQIA+ encarcerada.