O “trio de ferro” contra o fascismo: torcedores de futebol, ativismo e resistência
Esta pesquisa busca contribuir para o desenvolvimento dos debates sobre ativismo esportivo no Brasil – considerando que esse ativismo é constituído tanto pelas ações que visam transformar as estruturas sociais e políticas específicas do esporte quanto por aquelas que buscam, por meio dele, alcançar transformações políticas e sociais mais amplas. Para tanto, aborda um fenômeno surgido em meados dos anos 2010: os coletivos de torcedores antifascistas. Mais exatamente, aborda três desses coletivos: o Bloco Tricolor Antifa, o Porcomunas e o Coletivo Democracia Corinthiana. Ao fazer isso, esta pesquisa objetiva responder às seguintes questões: de que maneira esses coletivos organizam, interpretam e colocam em prática seu ativismo? E em que medida e como ele pode representar uma forma de resistência às estruturas de dominação do universo futebolístico e da sociedade em geral? Para responder as questões levantadas, adota uma abordagem multiperspectívica e, apoiada na teoria social crítica de John B. Thompson, propõe que uma prática seja caracterizada como de resistência quando ela se contrapor a uma ou mais formas de dominação. No que diz respeito ao método, adota os seguintes procedimentos: revisão bibliográfica, aplicação de questionários, observação direta, entrevistas individuais e em grupo e análise do conteúdo de postagens em redes sociais digitais. A partir da adoção desses procedimentos, (re)constrói a trajetória de lutas travadas por associações e coletivos de torcedores de futebol no contexto da cidade de São Paulo a partir da década de 1940, assim como busca compreender o perfil e os modos de atuação dos membros dos coletivos pesquisados, seu imaginário político e suas arenas e agendas de lutas.