PERSEGUIÇÃO, SILENCIAMENTO E CENSURA: colonialidade de gênero no ensino médio público de São Caetano do Sul/SP (2018-2022)
A presente pesquisa parte do contexto de disputas em torno das políticas educacionais no Brasil ao longo de 2003 e 2022, com a intensificação das reações contrárias às políticas de diversidade, entendida como possibilidade de enfrentamento às múltiplas hierarquias da estrutura social brasileira. Este estudo investiga como o ensino médio público municipal de São Caetano do Sul (SP), entre 2018 e 2022, tem sido utilizado para recrudescer a colonialidade de gênero na cidade. Para tanto, foram analisados dados educacionais que reconfiguram a oferta municipal de ensino médio, documentos que constituem a política educacional municipal e a cobertura jornalística que acompanharam os desdobramentos do contexto educacional do município. O estudo conta com seis entrevistas de docentes concursados que sofreram sindicâncias ou processos administrativos disciplinares, para aprofundamento da percepção sobre o entrecruzamento das agendas neoliberais e neoconservadoras por e para dentro das escolas. O contexto municipal se apresentou propenso à reorganização do ensino médio, com ataques à rede municipal e favorecimento da administração pública indireta. A intensificação das agendas neoliberais e neoconservadoras aumentaram o poder de gestão executiva municipal, minaram o poder pedagógico do corpo docente e ampliaram o ambiente persecutório - reforçando a colonialidade de gênero no ensino médio municipal.