A pedagogização antigênero no Movimento Escola sem Partido e seus atravessamentos neoliberais
A presente pesquisa investiga as disputas em torno da categoria gênero no campo da educação mobilizadas pelo combate à “ideologia de gênero” no “Movimento Escola sem Partido” (MESP). O movimento apresenta-se como uma reação às agendas de atuação dos governos Lula (PT/2003-2010) e Dilma (PT/ 2011 até o impeachment em 2016), sobretudo contra o fortalecimento e ampliação dos direitos feministas e LGBTQIA+. O MESP ganhou força e capilaridade a partir dos vínculos dos projetos de lei no âmbito municipal, estadual e federal, culminando desfechos como a retirada do termo “gênero” dos documentos oficiais como a BNCC. As reivindicações do MESP fazem parte de uma agenda neoconservadora que, inclusive, serviu de elemento potente nas promessas de campanha do então candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro (Sem Partido), eleito em 2018. A pesquisa investiga em que medida os discursos do combate à “ideologia de gênero” no “Movimento Escola sem Partido” contribuíram para a configuração de um projeto de poder neoconservador no contexto brasileiro, a partir de uma etnografia multissituada (MARCUS, 1995). Para tanto, tece uma análise sobre diversos materiais que abrangem os discursos de combate à “ideologia de gênero” disseminados pelo MESP, a saber: seis audiências públicas para a votação e debate de projetos de lei vinculados ao “Movimento Escola sem Partido” nos municípios de Taubaté - SP (PL 103/2017), Sorocaba-SP (PL 22/2017) e Santo André-SP (PL 299/2017), a inserção no campo de pesquisa e os materiais empíricos registrados em um diário de campo, proposituras vinculadas ao MESP no âmbito municipal, estadual e federal, bem como as demandas e o conteúdo apresentado nas duas principais vertentes de atuação do MESP (o Programa Escola sem Partido e o escolasempartido.com)