As percepções das relações de gênero entre as jovens metalúrgicas do ABC Paulista
O estudo do processo de construção das trajetórias ocupacionais das jovens metalúrgicas formadas pelo SENAI VW tem como objetivo compreender as ações sociais dessas mulheres no espaço fabril, transformando as experiências concretas de cinco jovens metalúrgicas da indústria automotiva em registros que apontam para mudanças históricas no processo de reprodução social desta categoria profissional. A dinâmica social das trajetórias ocupacionais das jovens metalúrgicas formadas no Centro de Formação Técnica do SENAI/Volkswagen está marcada por práticas sociais que demonstram a persistência histórica das práticas de opressão de gênero, fenômeno resultante das relações sociais de sexo no espaço fabril, constituídas e constituintes de relações assimétricas e desiguais de poder no espaço fabril, de tal modo que a formação técnica e acadêmica obtida, as conquistas salariais e trabalhistas ao longo das últimas décadas, não foram suficientes para amenizar os efeitos perversos da opressão de gênero que incidem sobre a experiência concreta destas trabalhadoras. A abordagem dos aspectos metodológicos de pesquisa a partir da perspectiva de gênero, buscam vestígios histórico do caráter acentuadamente masculino do espaço fabril, invisibilizando a parcela feminina da categoria. As práticas de opressão de gênero operam a normalização da subordinação feminina, viabiliza a consecução das trincheiras organizacionais mediante a separação e a hierarquização do trabalho feminino, bem como dificultam a mobilidade profissional destas trabalhadoras, demonstrando a permanência histórica da divisão sexual do trabalho no espaço fabril, com os mecanismos reprodutores da dominação masculina.