Corpos resistentes: artivismo e feminismo na América Latina
Esse trabalho tem como objetivo principal analisar o papel do corpo no artivismo feminista que emergiu na América Latina, especialmente no Brasil, no Chile e na Argentina, a partir da década de 1970, situando-o dentro feminismo de segunda onda que eclodiu nessa região simultaneamente.
Tomo como exemplo três obras que considero bastante ilustrativas desse tipo de produção. São elas: Marca Registrada (1975), da artista brasileira Letícia Parente (1930-1991), Popsicles (1984), da chilena Glória Camiruaga (1940-2006) e Sin Título. Liliana Maresca con su obra (1983), da argentina Liliana Maresca (1951-1994).
Primeiramente, apresento o contexto das ditaduras militares no Brasil, Chile e Argentina, já que este permeou a América Latina das décadas de 1970 e 80, tendo influência sobre essas obras. Isso será feito com base na literatura histórica e sociológica, bem como nos relatórios das Comissões Nacionais da Verdade que tiveram lugar nesses países, salvando suas respectivas particularidades.
Na segunda parte, abordo a relação histórica que se estabeleceu entre corpo e poder, tomando como referencial a teoria foucaultiana para, ao final, realizar uma conexão com as violências perpetradas contra corpos das mulheres durante os regimes militares.
No terceiro capítulo é apresentado o artivismo feminista latino-americano, investigando como, a partir desse movimento, se estabelecem as relações entre arte, corpo, política e feminismo. Para cumprir esse objetivo, utilizo uma bibliografia interdisciplinar proveniente de diversas áreas do conhecimento e, sobretudo, de pesquisadores e pesquisadoras que teorirazam sobre esse tipo de produção.
Por fim, no quarto e último capítulo, realizo uma análise sócio-histórica dos três trabalhos citados acima, utilizando as reproduções das obras – disponíveis online – e tomando como base as teorias abordadas ao longo dessa dissertação, priorizando uma bibliografia de mulheres e feminista, assim como uma literatura sobre as autoras.
Ao abrir espaço para promover uma discussão sobre essas questões, o campo artístico constitui-se como um espaço de confluência entre a poética e a política, tornando-se um espaço de produção de resistência e diferenciando-se, assim, de outras formas de ativismo.