AS FORMAS DE RESISTÊNCIA À CONTRARREFORMA PSIQUIÁTRICA
Na presente pesquisa tivemos como objetivo compreender as formas de resistência à Contrarreforma Psiquiátrica dos trabalhadores do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas III do município de Santo André, na cidade de São Paulo. Para tanto, realizamos quatro entrevistas semi-estruturadas com profissionais que estiveram presentes no campo da saúde mental desde 2016 até 2020, de modo que nos debruçamos a caracterizar o fenômeno nesse recorte temporal. Contando com aprovação da Plataforma Brasil, bem como outras instâncias éticas em pesquisa, as entrevistas foram submetidas à análise dos Núcleos de Significação, instrumento analítico - metodológico proveniente da Psicologia Sócio - Histórica, nos valendo também do arcabouço teórico das Ciências Sociais em Saúde, para compreensão das narrativas. A partir das singularidades, indo em direção ao universal através das particularidades, nos utilizamos das significações e dos sentidos compartilhados nas entrevistas acerca das implicações e encontros pessoais com o projeto ético político posto. Também constatamos como o contexto pandêmico da COVID-19 repercutiu e agravou os meandros contrarreformistas no cotidiano do serviço, nos debruçando sobre os processos e as condições de trabalho nessa conjuntura e, ainda, buscamos desvelar como a coexistência dos duplos modelos se apresentam no cotidiano do trabalhador; tais como: manicomial - antimanicomial, antiproibicionista - proibicionista, biomédico-centrado - multiprofissional; dentre outros, levando a reflexão como esse fato incide no manejo clínico. Ao que tange às formas de resistência, evidenciamos as formas cotidianas, através da presença dos ideais que sustentam a Luta Antimanicomial e sublinhamos a demanda de atualização do movimento social por parte dos entrevistados. Ademais, apontamos como possibilidade de fortalecimento resistente à maré contrarreformista, o incentivo à Educação Permanente em Saúde.