FAZENDO O SEXO FALAR:
a gestão da sexualidade nos presídios femininos
Este trabalho apresenta resultado preliminar de pesquisa que tem na gestão da sexualidade em presídios femininos seu ponto central de análise. Com o objetivo de estudar a construção de identidades de gênero e sexuais, principalmente a expressão de gênero designada “sapatão”, o trabalho buscará compreender os sentidos e significados que acompanham algumas performances na prisão. Para tanto, será feita uma incursão conceitual e histórica na categoria "gênero", através das contribuições de teóricas queer e pós-estruturalistas, tendo como referência a instabilidade de categorias e de identidades, ao mesmo tempo em que o “dispositivo da sexualidade”, de Foucault, será acionado como chave de compreensão para muitos processos, inclusive para conhecer o gênero na prisão. O instrumento metodológico de investigação privilegiado será a observação participante realizada na Penitenciária Feminina de Sant’anna em 2016 que será acompanhada de pesquisa genealógica sobre o sexo nas prisões, pois as relações de poder que acompanham a formação de identidades e performances de gênero podem ser melhor identificadas quando fazemos um esforço histórico na busca das razões do surgimento dos presídios femininos, uma vez que gênero, raça e sexualidade constituem a cultura prisional, subsidiando processos de normalização e controle das mulheres em situação de encarceramento. A hipótese parcialmente construída indica a elaboração de identidades em negociação, disruptivas em termos de compreensão de expressão de gênero (quando se fala do “sapatão”), desafiando o binarismo ao imprimir masculinidade em corpos de mulheres; mas reprodutora das categorias de opressão em seus agenciamentos e relações, pois mobiliza a posição de “sapatão” para garantir privilégios da heternormatividade e do patriarcado, operando no cenário prisional.