Quero Preto, Quanto Custa? Raça, Políticas de Inimizade e Violência Urbana: Os Dados de Homicídio e Punição da Ouvidoria de Polícia do Estado de São Paulo
Este trabalho tem como objetivo compreender como foram agenciados, em relatórios disponibilizados pela Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, os dados relacionados à homicídios promovidos por agentes de segurança pública do Estado de São Paulo, a saber, policiais militares e civis. Para tanto, busca-se sintetizar como se deu, utilizando referenciais teóricos que estudam a construção da figura do criminoso na sociedade dentro dos conceitos da sociologia da violência, bem como, a construção social do que ou de quem a sociedade considera como sujeito bandido e, por consequência, ser humano descartável. Buscaremos compreender também, em que medida o monopólio estatal da violência é constituído à partir de dinâmicas de poder racializadas, fazendo com que os dados de mortalidade de determinada parcela da sociedade senão disponibilizados para a população de maneira e desconsiderar a subjetividade das vítimas e dos autores de homicídios de estado. Neste sentido, utilizaremos entrevista focal, no sentido de compreender de que maneira se constitui o órgão da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, bem como, de que forma são constituídos os relatórios públicos de seus processos administrativos, especificamente no que tange aos números e características que envolvem homicídios praticados por policiais no Estado de São Paulo. Por fim, faremos análise com a finalidade de observar e reconhecer de que maneira estes números refletem práticas de nanorracismo, como a letalidade influencia no decréscimo de direitos e como estes números ou, a falta deles, pode refletir na luta contra a letalidade policial no Estado de São Paulo