Irmãs, cunhadas e guerreiras - O encarceramento de mulheres em São Paulo e as dinâmicas do Primeiro Comando da Capital (PCC)
O presente trabalho tem como objetivo compreender a estrutura e o funcionamento do PCC dentro das penitenciárias femininas localizadas no estado de São Paulo. Através da realização de trinta e cinco entrevistas com mulheres, sapatões, homens e mulheres transexuais, em três diferentes unidades prisionais, a investigação buscou analisar se os procederes do PCC, construídos a partir da hegemonia masculina, quando acionados no cotidiano das penitenciárias femininas, acabam por intensificar a opressão e ou a violência ou se conferem um caráter de representação e de legitimidade na defesa de direitos da população de mulheres presas. A pesquisa buscou ainda verificar como as relações são instituídas ou negociadas nas penitenciárias femininas, a partir das posições ocupadas por irmãs, cunhadas e guerreiras e como são estabelecidas as relações com os membros do sexo masculino do PCC, os irmãos. Além disso, analisou como os batismos, as punições e as interdições para o batismo, principalmente no que diz respeito a orientação do afeto e da sexualidade. Nas considerações finais o presente trabalho aponta que ainda que muitas mulheres apresentem resistências, a dominação masculina, empreendida através dos procederes e do batismo das irmãs, o Comando se consolidou nos pavilhões das unidades penitenciárias femininas, realizando junto ao Estado a gestão das dinâmicas e do cotidiano nas penitenciárias femininas do estado de São Paulo.