Desenvolvimento e Meio Ambiente: Uma análise empírica da evolução dos indicadores socioambientais do Brasil (2000-2015)
As questões ambientais por muito tempo foram deixadas de lado pelas teorias econômicas, apesar de autores terem chamado a atenção décadas atrás. Quando citada, em maior parte, é visto como um problema que será resolvido via crescimento econômico no longo prazo, via avanço tecnológico ou até mesmo pelo próprio mercado. Contudo, o sistema econômico não pode ser visto como um sistema isolado e fechado, visto há entrada de energia e matérias-primas, que ao passar pelo processo econômico, resultam em bens de consumo e resíduos. Enquanto sistemas, é necessário considerar que tanto o sistema econômico, quando os sistemas biológicos e institucionais evoluem concomitantemente exercendo influência recíproca entre eles. A Economia Ecológica chama a atenção para essa limitação das teorias convencionais, destacando, principalmente, o papel do meio ambiente e sua influência. Mais recentemente, principamente após a crise de 2008, um arcabouço empírico macroeconômico foi sendo elaborado para ser usado como alicerce. Entre os pensadores Latino Americados, a CEPAL também realizou trabalhos na década de 80 nessa linha de pensamento, com um foco maior a dependência das economia periféricas nas exportações de recursos naturais, tendo evoluído igualmente nas últimas décadas. Através desses dois alicerces teóricos, o presente trabalho teve o intuito de analisar o objetivo deste trabalho é investigar o padrão de desenvolvimento sócio-ambiental no Brasil, no período aproximado de 2000 a 2015, a partir dos pressupostos conjuntos da Economia Ecológica e dos trabalhos da CEPAL relacionados à temática. Ou seja, investigar as relações do crescimento econômico com os dados sócio-ambientais relativos à população, emprego, pobreza e degradação ambiental na economia brasileira. Além disso, também foi construído um modelo aplicado a economia brasileira para exploração de cenários futuro até 2050, visando investigar se seria possível melhorar o IDH sem aumentar significativamente a Pegada Ecológica. O que foi constatado é que com base nos resultados obtidos, que o perfil sócio-ambiental brasileiro nos anos pós-2000 caracterizou-se por uma mescla de melhoria pontual em alguns indicadores relevantes (como elevação salarial, acesso à educação e diminuição do ritmo de desmatamento na Amazônia) com deterioração paralela de outros indicadores ambientais, como maior presença da energia não-renovável na pauta de consumo e exportações fortemente concentradas em recursos naturais, implicando-se em diminuição de suas reservas locais. Sobre os cenários futuros investigados, constatou-se que é possível melhorar o IDH sem um impacto tão significante na pegada ecológica. Contudo, não na proporção suficiente se houver crescimento econômico entendido nos mesmos parâmetros dos dias de hoje. Daí ser necessário repensar o processo produtivo, de diferentes formas: pela amplificação do uso de energias renováveis, aumentando a eficiência e produtividade dos recursos naturais; pela reciclagem e reutilização dos bens e resíduos; pela modificação do caráter primário-exportador da economia; pela modificação do perfil distributivo; por um grupo de políticas públicas e mesmo por uma modificação estrutural dos costumes. Investimento em áreas intensivas em mão-de-obra e de um impacto significativo no bem-estar das pessoas, como saúde e educação, deveriam ser privilegiados se o objetivo fosse reduzir o impacto ambiental de um aprofundamento do desenvolvimento.