POLÍTICA PÚBLICA 'EXPERIÊNCIA PRÁTICA DO APRENDIZ': inserção social, formação profissional e acidentes do trabalho no chão de fábrica
RESUMO
Nosso objeto na presente tese é apresentar uma análise sistematizada de como empresas implementam a política pública de vivência prática de aprendizes em três dimensões: inserção social, formação profissional e acidentes do trabalho. Assim, analisamos três grupos de aprendizes de 17 a 19 anos que atuam em uma fábrica automobilística de São Bernardo: um grupo de mecânicos SENAI e dois grupos de auxiliares administrativos CIEE e auxiliar CAMP. A pesquisa baseou-se em observação etnográfica das divisões hierárquicas de produção, realizada entre 2015 e 2019. A abordagem utilizou entrevistas semi-estruturadas, dinâmica individuais e de grupo, questionário socioeconômico, encontros presenciais na fábrica e também visitas às instituições parceiras (SENAI, CIEE e CAMP). Os resultados apontam para uma subcategoria (cargos inferiores) ocupada por seus três grupos: (i) SENAI-aprendizes mecânicos: predominantemente do sexo masculino, descendente de família metalúrgica - categoria politicamente articulada, alto nível socioeconômico, prestígio, melhor formação profissional, maior remuneração e chance de ascensão na fábrica; (ii) CIEE-aprendiz auxiliar administrativo: indicados por funcionários, possuem baixa formação profissional e nível socioeconômico inferior ao do primeiro grupo; (iii) CAMP-aprendiz auxiliar administrativo: em sua maioria mulheres - é o grupo mais marginalizado pelo baixo nível socioeconômico e alta migração familiar. Concluí que a empresa estudada deve promover um único caminho de inserção e formação profissional, ao invés de três como hoje, e também abranger de forma profunda a temática dos acidentes de trabalho.