Às mulheres, que poder? A participação das mulheres no Poder Executivo Federal nos governos da presidenta Dilma Rousseff.
Este trabalho aborda a presença das mulheres nos espaços de poder, mais especificamente no Poder Executivo federal, apresentando e debatendo os possíveis elementos estruturais do poder que, uma vez naturalizados, contribuem para consolidar uma relação de dominação masculina que impõe limitações e restrições à presença e atividade das mulheres, além de reeditar o cenário da sub-representação em que as mulheres persistentemente permanecem afastadas desses espaços, tanto na esfera pública como na arena política, através de recursos formais e informais que garantem a sub-representação como uma condição perene. Destacamos os estudos feministas e de gênero para explicar o binômio gênero-poder, bem como a hierarquia nas relações de poder no interior das instituições públicas, discutida à luz das teorias críticas feministas e de autores contemporâneos clássicos das Ciências Sociais. Para compreender e investigar o fenômeno da sub-representação e das atividades das mulheres no primeiro e segundo escalão do Poder Executivo federal foi utilizada a metodologia de pesquisas quantitativa e qualitativa. Foram entrevistadas doze mulheres que ocuparam destacados cargos de ministras e secretárias nacionais durante os mandatos da primeira mulher presidenta no Brasil, entre os anos 2011 e 2016. Foi possível identificar o volume, a localização e o perfil das mulheres ocupantes de cargos de livre provimento durante o governo da presidenta Dilma Rousseff (2011-2016). Nesse período, houve o maior número de mulheres em posições chaves nos ministérios brasileiros, o que nos leva a afirmar que há maior presença feminina nos espaços de poder e de tomada de decisão num governo dirigido por uma mulher. Apesar disso, observamos aspectos práticos da gestão pública que dificultam o acesso e permanência das mulheres nos espaços de poder. Sob a noção de poder informal de Maria Antonia García de León, constatamos as barreiras e dispositivos invisíveis revelados na voz das mulheres que ainda vivenciam em sua participação na esfera pública e na arena política conflitos e valorização diferenciada em relação aos homens.