Mulheres negras brasileiras - a resistência na construção do signo da vida nas
práticas discursivas imagéticas
As epistemes que adensam este trabalho, em especial “dispositivo de racialidade”, “consciência étnica” e “colonialidade do ver”, juntas nos ajudam a refletir como o racismo atua em nossa sociedade e como ele assombra e desfavorece a construção de uma imagética voltada a uma ontologia da mulher negra. No projeto modernidade/colonialidade, as imagens obedeciam uma matriz hierárquica na qual os racializados eram identificados como inferiores. As imagens de mulheres veiculadas em diversas mídias, ou como prefiro mencionar, as práticas discursivas imagéticas produzidas acerca das mulheres negras em linguagens diversas, seguem uma ‘ordenação’, uma gramática, um conjunto de regras, que compõem por sua vez uma ética que molda olhares e uma percepção toda alinhada ao que podemos dizer, condizente a questão da modernidade. Comprovações, sinais, vestígios que se transformam em um discurso. Uma tarefa importante nesta pesquisa é apresentar e analisar, à medida em que reinvindicações oriundas do Movimento Negro convocam para a reflexão da mulher negra em nossa sociedade, e como esse referente, a própria mulher negra, se desloca. Analisar as imagens e os discursos produzidos por elas, estudar seus efeitos é primordial para elevar os debates acerca do racismo. A imagética é parte constitutiva de nossos imaginários, a cognição transita em imagens. A esperança por novos imaginários se faz presente. A máxima foucaultiana “onde há poder, há resistência” nos norteia, pois nas resistências residem novas formas de existências.