DEIXAR JOGAR OU DEIXAR MORRER:
Análise Multidimensional das Organizações Criminosas
Esta tese destrincha a complexidade inerente às organizações criminosas através de uma análise multidimensional, recorrendo à teoria dos jogos e à economia política para dissecar suas estratégias internas e externas, com especial atenção às dinâmicas de colaboração premiada. Investigando profundamente casos paradigmáticos — especificamente a Operação Lava Jato e a ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC) — este trabalho revela como as decisões estratégicas são concebidas e implementadas por essas organizações e quais são os impactos resultantes para o sistema de justiça criminal brasileiro. Entre os achados principais, destaca-se a identificação de padrões de comportamento estratégico que cruzam as fronteiras da legalidade e da ilegalidade, revelando um jogo complexo de poder e influência que transcende a mera atividade criminal. A pesquisa ilumina o papel crucial da informação e da comunicação estratégica nas negociações de colaboração premiada, enfatizando a dualidade entre coerção e incentivo na gestão dessas interações. Além disso, o estudo desvenda as multifacetadas relações de poder dentro das organizações criminosas e entre estas e o Estado, ilustrando como tais entidades não apenas desafiam, mas também moldam as políticas de segurança e justiça. A análise da Operação Lava Jato serve como um estudo de caso crítico, expondo tanto a eficácia quanto as limitações das estratégias de colaboração premiada, especialmente em termos de equidade processual e ética judicial. Crucialmente, a tese evidencia a complexidade dos dilemas morais e estratégicos enfrentados pelos indivíduos envolvidos nessas redes criminosas, destacando a influência dessas decisões nas trajetórias de combate ao crime organizado. Através de uma perspectiva interdisciplinar, este trabalho não só contribui para a compreensão acadêmica da criminalidade organizada como também propõe considerações importantes para o desenvolvimento de políticas públicas mais efetivas e justas, visando a desestruturação dessas redes sem comprometer os princípios fundamentais de justiça e direitos humanos.