DISPUTAS POLÍTICAS NA UNIVERSIDADE: as comissões da verdade das universidades estaduais de São Paulo
Este trabalho busca compreender como se dão as disputas políticas na universidade brasileira, tendo como recorte pela memória da ditadura. A memória é um discurso vivo do presente em relação ao passado, e as disputas por esta são bastante debatidas na academia e na sociedade. No entanto, a instituição universitária é bastante construída como um espaço isento, e os conflitos em torno da memória são pouco evidentes. Durante o regime militar, o sistema de informações se fazia presente nas instituições universitárias do país e mantinha o corpo docente, discente e de servidores sob vigilância, e com o fim do funcionamento destas instituições diversos documentos se mantêm em sigilo, ou foram destruídos. As Comissões da Verdade Universitárias têm recuperado os acontecimentos e a memória do período ditatorial no Brasil, através de investigação em acervos e entrevistas. Sua instituição e funcionamento também é perpassada por conflitos políticos, que vão desde dificuldades de manutenção à não aceitação de recomendações pela comunidade universitária. Pretende-se, assim, compreender como se dão tais disputas por memória no ambiente universitário brasileiro no período de 2012 a 2021, através de análise documental dos relatórios das Comissões da Verdade Universitárias das três instituições estaduais paulistas: USP, Unicamp e Unesp, além de relatórios de outras Comissões, de atas de reuniões, reportagens e outros documentos relevantes.