A MISSÃO PAULISTA DE RE-CONTAR A HISTÓRIA: visões sobre indígenas e
bandeirantes no Museu do Ipiranga e na Pinacoteca de São Paulo
Nas décadas finais do heterogêneo século XIX, São Paulo desponta economicamente
através do café e vê, na virada deste para o século XX, a conformação de uma elite que
agora, buscava também consolidar seu capital cultural e social a fim de fazer frente ao então
centro artístico do país, o Rio de Janeiro. Com isso, analisaremos neste trabalho, por meio
de um conjunto de obras de dois museus paulistas, o Museu do Ipiranga e a Pinacoteca do
Estado, como os paulistas articulam instituições documentais e museológicas para
consolidar sua presença na história nacional - e em locais de liderança por meio da figura do
e da bravura do bandeirante e de uma tendência natural ao empreendedorismo. No entanto,
o que vemos é que a consolidação dessa imagem só pode se dar pelo seu oposto - que é
submetido a um lugar histórico específico e estereotipado. Assim, para falar de paulistas,
nos apoiamos na representação de indígenas nestes mesmos acervos para entender como
o jogo entre o “eu” e o “outro” foi escrito pelos paulistas para forjar uma imagem de
conquistador dos sertões e responsável pela unidade nacional - tanto cultural quanto
territorial. Para isso, este trabalho se debruça sobre uma análise iconográfica de um
conjunto de imagens composto por obras destas duas instituições bem como revisão
bibliográfica que abarca o período, suas formações e a história da cidade de São Paulo bem
como àquelas que dão recursos para a leitura imagética dentro de seus contextos de
produção e circulação.