DESFAZENDO E REFAZENDO O FEMINISMO
Articulações e Ativismos Feministas e de Mulheres em Rede
A tese trata do complexo e paradoxal panorama que a popularidade do
feminismo tem causado no tecido social e político das sociedades
contemporâneas nos últimos anos, que pode ser também observado nos
espaços de mediação digital. Ali podemos, com efeito, analisar como os
ativismos feministas têm se desenvolvido de formas particulares e,
simultaneamente como aí se manifestam outros tipos de comunicação
não-emancipatória, incluindo as apropriações do feminismo para fins de
consumo e a propagação de discursos antigênero. Tomando as plataformas
digitais como lugar que permite observar um conjunto de dinâmicas em
torno do feminismo, irei analisar suas articulações através de três
dimensões culturais distintas, mas profundamente interligadas: ativismo
feminista, cultura pós-feminista, que se refere às apropriações liberais
feminismo, e o que nomeio de “populismo de gênero” para referir às
frentes sociais e políticas ultraconservadoras. O aporte teórico da
pesquisa está assente na literatura que trata, tanto os ambientes
pós-feministas (como objeto de análise) e neoliberais que afetam o
feminismo (Sarah Banet-Weiser, Angela McRobbie, Rosalind Gill), como o
potencial das redes digitais em reorganizar as reivindicações feministas
(Hester Baer). A pesquisa analisa como o feminismo se desfaz e,
simultaneamente, se refaz [na cultura digital] da sociedade brasileira
contemporânea e reflete se o feminismo opera, ou não, com a coerência, a
força política e o propósito [que talvez] teve em outros tempos. A
pesquisa será de cunho qualitativo e utilizará uma combinação de métodos
que incluem diferentes tipos de análises textuais e visuais, e
entrevistas em profundidade, nas quais observarei as práticas
comunicacionais do feminismo como movimento coletivo, político e
cultural na sua intercepção com outros movimentos que, no seu conjunto,
com ele se articulam.