Dataficação urbana: discursos e práticas na gestão de dados no território paulistano
Esta pesquisa tem como finalidade compreender o processo de dataficação urbana na cidade de São Paulo, considerando como dataficação a conversão dos fluxos da vida em fluxos de dados (MAYER-SCHÖNBERGER, CUKIER, 2013) e seu determinante ideológico, o dataísmo (VAN DIJCK, 2014). Parte-se da perspectiva crítica ao neoliberalismo, buscando identificar como a convergência neoliberal e dataficada influencia os processos da administração pública de São Paulo no eixo da segurança pública, que carrega discursos associados tanto à modernização, via Smart City, como de vigilância e monitoramento. Assim, definimos como pergunta norteadora “a dataficação consiste em um novo campo de penetração e extração de valor do neoliberalismo na administração pública?”. Busca-se, assim contribuir na identificação de práticas e discursos que se efetivam na adesão a políticas sociotécnicas securitárias, dataficadas e neoliberais. Para tal realiza-se um levantamento teórico interdisciplinar e, empiricamente, o mapeamento das redes sociotécnicas, com o uso da Teoria Ator-Rede, dos dispositivos CompStat Paulistano, City Câmeras e SP+Segura para compreender como esses dispositivos sociotécnicos são pensados e operacionalizados. Visando mapear as motivações associadas, realizou-se a análise de discurso das comunicações da prefeitura acerca dos três dispositivos utilizando o arcabouço metodológico de Fairclough (). Utilizou-se análise documental, entrevistas e análise de reportagens. Tem-se, como hipótese de pesquisa, que a transformação digital na esfera pública é ideologicamente orientada por valores corporativos e os interesses privados se sobrepõem aos públicos a partir de uma relação dependente internamente e colonizada externamente.