Branquitude à brasileira
O presente trabalho, que ora se apresenta à banca de qualificação, é parte integrante da pesquisa de mestrado que se propõe a discutir a ideia de branquitude à luz do processo histórico do racismo brasileiro. Nesse sentido, a pesquisa busca compreender como o racismo científico, a eugenia, as propostas de embranquecimento da população brasileira e o mito da democracia racial informaram e conformaram os debates mais recentes sobre racismo, propondo um especial enfoque na discussão sobre branquitude e sistema de justiça criminal. A escolha por esse recorte se baseia na minha experiência pessoal e profissional atuando por cerca de 10 anos junto a organizações de direitos humanos com atuação na justiça criminal. Assim, a pesquisa utilizará o método empírico e, a partir de entrevistas e análise documental, irá investigar um episódio – a formação da agenda de trabalho em justiça criminal das organizações da sociedade civil financiadas pela Open Society Foundation por volta de 2009 – que oportuniza um debate sobre a branquitude e seu engajamento com a luta antirracista, evidenciando o tensionamento entre as visões de mundo daqueles forjados pela branquitude e pela cultura eurocêntrica e dos intelectuais negros que, há tempo, denunciam o racismo brasileiro como estruturante da sociedade brasileira.