PPGCTA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Phone: 1142242590 http://propg.ufabc.edu.br/ppgcta

Banca de QUALIFICAÇÃO: CLÉLIO RODRIGO PAIVA RAFAEL

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : CLÉLIO RODRIGO PAIVA RAFAEL
DATA : 11/11/2024
HORA: 13:00
LOCAL: Sala 407 do Bloco B do Campus de Santo André da Universidade Federal do ABC
TÍTULO:

DESEMPENHO E COEFICIENTES DE CONFIABILIDADE DE ZONAS ÚMIDAS CONSTRUÍDAS NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS


PÁGINAS: 131
RESUMO:

Esforços para proteger os cursos de água, especialmente as fontes de água potável, estão sendo realizados em todo o mundo. As zonas úmidas construídas (CWs) têm despertado grande interesse nas últimas décadas devido à sua eficiência, baixos custos de investimento e operação, além de impacto ambiental positivo, sendo consideradas uma solução baseada na natureza (SbN). Por essa razão, essas instalações começaram a ser utilizadas como um método sustentável de tratamento de águas residuais em diversos países, especialmente em contextos descentralizados voltados para pequenos grupos populacionais rurais e suburbanos. Embora já sejam uma tecnologia consolidada no cenário internacional, os wetlands ainda têm uma aplicação limitada no Brasil, sendo predominantemente restrita a pesquisas acadêmicas, concentradas em poucos grupos de estudo, e a poucos projetos de pequena escala. A implementação em larga escala dessa tecnologia poderia contribuir significativamente para a universalização do saneamento e para a melhoria da qualidade ambiental, considerando que 48% dos efluentes do país não são coletados ou tratados, o extenso território brasileiro e as condições climáticas favoráveis aos processos biológicos que ocorrem nos wetlands. A limitação na aplicação dos wetlands no Brasil pode ser decorrente de diversos fatores que geram incertezas sobre a tecnologia, como a ausência de normas específicas para regulamentação de aspectos técnicos — como projeto, execução, operação e uso de CWs —, a falta de incentivos governamentais e o desconhecimento técnico sobre o funcionamento e a eficácia dos wetlands. Além disso, casos de insucesso da tecnologia quando aplicados de forma empírica reforçam a percepção de que não é uma solução eficiente ou confiável. Diante disso, o objetivo desta pesquisa foi analisar o desempenho e a confiabilidade de três configurações de wetlands construídos para tratamento de efluentes domésticos, identificando sua adequação aos padrões de qualidade estabelecidos por legislações nacionais e estaduais brasileiras, bem como a padrões de desempenho esperado para sistemas wetlands em operação no país. O estudo foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica, utilizando a base de dados Scopus. Os artigos selecionados foram analisados quanto à eficiência de remoção de DBO5?, DQO, SST, Nitrogênio Total (NT) e Fósforo Total (PT) e quanto aos mecanismos utilizados pelos sistemas para potencializar a remoção desses poluentes. A confiabilidade dos sistemas foi avaliada com base no coeficiente de confiabilidade (CDC) de Niku et al. (1979), identificando a confiabilidade dos wetlands em cumprir as legislações brasileiras de 95% do tempo, e como o CDC pode ser utilizado para auxiliar o desenvolvimento de sistemas mais confiáveis. Os resultados mostraram que os sistemas de fluxo vertical apresentaram, em média, eficiência de 86% para DBO5 e DQO, e 83% para SST. A remoção de NT e PT foi de 64% e 78%, respectivamente. Já os sistemas de fluxo horizontal alcançaram 81% para DBO, 75% para DQO e 71% para SST, com 60% para NT e 68% para PT. Os sistemas híbridos demonstraram melhor desempenho global, com 95% de remoção para DBO, 86% para DQO, e 87% para SST. Em relação ao NT e PT, a eficiência média foi de 64% e 76%. A análise de confiabilidade indicou que os sistemas verticais apresentaram uma média de CDC ligeiramente superior para DQO, SST e NT, com valores de 0,66, 0,62 e 0,72, respectivamente. Já os sistemas horizontais se destacaram em DBO e PT, com médias de CDC de 0,69 e 0,65, respectivamente. Os sistemas híbridos apresentaram menores valores médios, porém menores amplitudes dos dados. Para todos os parâmetros e sistemas, todos os valores médios de CDC ficaram abaixo de 0,75, sugerindo que, na maioria dos casos, essas tecnologias enfrentariam dificuldades em atingir consistentemente os padrões restritivos de efluente exigidos no nível de confiabilidade de 95%. Apesar dos baixos valores de CDC encontrados, os sistemas de wetlands construídos mostraram elevada confiabilidade na remoção de matéria orgânica e sólidos suspensos, atendendo satisfatoriamente aos padrões mais restritivos com um nível de confiança de 95%. No entanto, para a remoção de NT e PT, a maioria dos sistemas apresentou razões (x̄/mₓ) superiores a 1 quando submetidos a padrões restritivos, indicando que o nível de confiança de 95% pode ser excessivamente rigoroso para esses parâmetros nesses sistemas. A dispersão dos resultados sugere que, embora o CDC seja uma ferramenta útil para avaliar a confiabilidade de sistemas de tratamento de esgoto, ele deve ser ajustado para cada sistema específico devido à variabilidade nas condições operacionais e características dos efluentes. Esses resultados mostram que os sistemas de wetlands construídos são eficientes e confiáveis na remoção de matéria orgânica e sólidos suspensos, atendendo aos padrões restritivos de qualidade estabelecidos no Brasil. Apesar das dificuldades em cumprir consistentemente os padrões para NT e PT, esses sistemas representam uma estratégia viável para a melhoria do tratamento de efluentes no país. O uso do CDC se mostrou uma boa alternativa para orientar o projeto e a operação dos wetlands, aumentando a segurança e previsibilidade dos sistemas. Assim, os wetlands podem ser uma solução sustentável para a contribuir com a universalização do saneamento no Brasil.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - Interno ao Programa - 1073159 - EDUARDO LUCAS SUBTIL
Membro Titular - Examinador(a) Interno ao Programa - 2342998 - RODRIGO DE FREITAS BUENO
Membro Titular - Examinador(a) Externo ao Programa - 2357551 - CAMILA CLEMENTINA ARANTES
Membro Suplente - Examinador(a) Interno ao Programa - 2197500 - MELISSA CRISTINA PEREIRA GRACIOSA
Membro Suplente - Examinador(a) Interno ao Programa - 1646410 - ROSELI FREDERIGI BENASSI
Notícia cadastrada em: 25/10/2024 11:14
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