ANÁLISE FUNCIONAL DAS ISOFORMAS DA IL-10 DO CITOMEGALOVÍRUS HUMANO
O citomegalovírus humano (HCMV) tem uma alta prevalência na população mundial e acomete principalmente indivíduos imunocomprometidos. A infecção por HCMV causa diferentes quadros clínicos, dependentes do sistema imunológico do indivíduo infectado. A infecção pode se apresentar de três formas: infecção aguda, com altos níveis de replicação viral; infecção persistente na qual ocorre um controle da replicação pelo sistema imunológico do hospedeiro, com baixa produção de partículas infecciosas; e infecção latente, que se estabelece por toda a vida do hospedeiro, na qual os genes são expressos em baixos níveis e não há produção de novas partículas virais. O sucesso do vírus deve-se a sua capacidade de subverter o sistema imunológico do hospedeiro, através da ação de várias proteínas virais, sendo uma delas a interleucina 10 viral (vIL-10), codificada pelo gene viral UL111A, homólogo da interleucina 10 humana (hIL-10). Durante a infecção viral diversos transcritos são gerados, por splicing alternativo, e são traduzidos em diferentes isoformas proteicas, dentre elas, cmvIL-10 (A) e LAcmvIL-10 (B) são as mais estudadas. Além dessas, são produzidas as isoformas C, D, E, F, G, H, cujas funções são desconhecidas. Algumas propriedades biológicas da cmvIL-10 e LAcmvIL-10 são conhecidas, no entanto, os mecanismos intracelulares e vias de sinalização ativadas por essas proteínas não são bem explorados. Neste estudo analisamos a modulação das vias celulares JAK/STAT e PI3K/AKT pelas isoformas virais e seus possíveis efeitos celulares. Os resultados obtidos mostram que a cmvIL-10 ativa a via JAK/STAT em células dendríticas imaturas derivadas de monócitos, monócitos primários e THP-1, já as isoformas B, E, F não ativam esta via em ambos os tipos celulares. A via PI3K/AKT é ativada por cmvIL-10 em células dendríticas imaturas derivadas de monócitos e em células THP-1. Além disso, os resultados indicam que esta via também é ativada pela isoforma F em células THP-1. Este trabalho abre caminho para futuros estudos de análise das consequências celulares da ativação destas vias.