PAPEL DA AUTOFAGIA EM LEUCEMIAS E SEU ENVOLVIMENTO SOBRE OS ASPECTOS MITOCONDRIAIS: ESTUDO DOS MECANISMOS MOLECULARES E IMPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS
A autofagia é um processo de autodegradação de componentes celulares, essencial para a manutenção do metabolismo e da homeostase. Uma vez estimulada, seu papel na sobrevivência ou morte celular em leucemias é controverso. Evidências crescentes indicam que a autofagia pode atuar tanto na promoção quanto na supressão tumoral, dependendo do subtipo da doença, dos oncogenes envolvidos e da resposta aos agentes terapêuticos. Assim, a modulação da autofagia tem sido explorada como potencial estratégia terapêutica. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar o papel da autofagia na viabilidade e proliferação celular em modelos de leucemia humana, bem como o impacto da sua modulação sobre a resposta aos agentes farmacológicos. Os resultados parciais indicam que a dependência da autofagia varia entre os tipos de leucemia estudados. Na leucemia mieloide aguda (células HL60), o bloqueio da autofagia foi altamente citotóxico e associado ao estresse do retículo endoplasmático. Por outro lado, na leucemia mieloide crônica (células K562), o bloqueio autofágico não comprometeu a viabilidade celular, Além disso, o inibidor da fissão mitocondrial mdivi-1 sensibilizou as células ao inibidor de tirosina-quinase mesilato de imatinibe, efeito revertido pelo bloqueio autofágico. Na leucemia linfoide aguda (células Jurkat), a combinação entre o bloqueio da autofagia com mdivi-1 potencializou a citotoxicidade do venetoclax, um inibidor de BCL-2 usado no tratamento desse tipo de leucemia. Em contraste, os resultados de privação nutricional mostraram que a restrição de glutamina nas células HL60 e a restrição de soro nas células Jurkat resultaram em diminuição da viabilidade celular, sugerindo que o estresse metabólico pode ativar a autofagia associada à perda da homeostase, causando morte celular. Em conjunto, esses resultados mostram que a autofagia exerce um papel dinâmico nas leucemias, impactando diretamente na sensibilidade terapêutica, e sugerem que sua modulação, associada a modulação da dinâmica mitocondrial, pode ser uma estratégia promissora para o tratamento das leucemias.