EFEITO DE ORGANOCALCOGÊNIOS DE TELÚRIO E SELÊNIO SOBRE A EXPRESSÃO DE mRNAs e MICRO-RNAs EM ADIPÓCITOS DERIVADOS DE LINHAGENS DE CÉLULAS 3T3.
Descobertos na década de 1990, microRNAs são pequenos RNAs endógenos não-codificantes, compostos por 19-23 nucleotídeos que regulam o controle pós-transcricional da expressão gênica de diversos genes, sendo que um único microRNA pode controlar vários genes-alvo. MicroRNAs são fundamentais na regulação, diferenciação e função dos adipócitos. Devido ao seu papel de armazenamento energético, quando a necessidade de estocar energia aumenta, os pré-adipócitos do WAT se diferenciam em adipócitos maduros, uma mudança mediada por microRNAs que são suprimidos ou superexpressos.
Apesar de compostos organocalcogênios de selênio e telúrio se mostrarem promissores como possíveis agentes farmacológicos por sua capacidade antioxidante, em altas dosagens são tóxicos para as células. Através de ensaio de viabilidade celular por MTT, pré-adipócitos das linhagens 3T3-L1 e 3T3-F442A tratadas por 22h com cinco compostos (composto B, composto C, difenil ditelureto [Ph2Te2], difenil disseleneto [Ph2Se2], cloroquinolina), mostraram ligeira diferença quanto à tolerância aos mesmos, com o IC50 sempre menor para 3T3-F442A. Entretanto, quando células 3T3-F442A, após diferenciação por 10 dias, são submetidas ao mesmo tratamento, a tolerância (IC50) para o composto C aumenta aproximadamente 10 vezes, para a Cloroquinolina esse aumento é de cerca de 3 vezes e para os compostos B e Phe2Se2 não houve perda de viabilidade celular.
Já para o tratamento com Ph2Te2, observamos aumento da atividade no MTT, sugerindo que a atividade mitocondrial pode estar aumentada nesses adipócitos, dado que eles não proliferam.
Desta forma, os compostos Ph2Te2 e composto C se mostraram os mais promissores para a realização de mais procedimentos experimentais. Quando os adipócitos tratados por 22h são observados ao microscópio, sinais de morte celular por apoptose são observados, entretanto, notamos mais células aderidas quando tratadas com Ph2Te2 (100 mM) quando comparadas com adipócitos tratados com Composto C (100 mM). Estes dados mostram que o processo apoptótico ocorre em ambos os tratamentos, mas com resistência ao Ph2Te2.