ACETOGENINAS DE Porcelia macrocarpa (ANNONACEAE) COMO PROTÓTIPOS PARA O TRATAMENTO ORAL DA ESQUISTOSSOMOSE
O estudo realizado propõe a investigação do potencial antihelmintico de seis acetogeninas relacionadas biossinteticamente, isoladas das sementes de Porcelia macrocarpa (Annonaceae). A partir do extrato hexânico de sementes de P. macrocarpa foi possível obter três conjuntos: A (compostos 1 e 2), B (compostos 3 e 4) e C (compostos 5 e 6), respectivamente, sendo a diferença estrutural entre os constituintes dos grupos a variação na conjugação da cadeia γ-lactônica e a presença/ausência de uma ligação dupla terminal na cadeia alquílica de 20 carbonos. Nos ensaios in vitro, foi possível observar uma atividade tempo-dependente e mais expressiva para vermes machos do que fêmeas. Dentre os conjuntos testados, o conjunto C apresentou os melhores resultados visto que foi ativo para machos e fêmeas, a 25 ug/mL. Os estudos in vivo demonstraram redução na carga de vermes para todos os grupos tratados com os conjuntos de acetogeninas, com 92,9, 81,9 e 92,9%, respectivamente, enquanto a apresentada pelo praziquantel, fármaco padrão, foi de 88,2%. Além disso, os compostos também foram avaliados quanto a redução na carga de ovos, com 100% de ovos imaturos, contidos na parede intestinal e mais de 94% de redução dos ovos por grama contidos nas fezes dos animais. Por fim, um estudo de redução da dose de administração experimental foi proposto, a fim de atingir uma dose mais próxima possível da administrada clinicamente (60 mg/kg). Nos ensaios com doses reduzidas de 400 mg/kg para 200 e 100, as reduções da carga de vermes obtidas pelos grupos tratados com os compostos foi superiormente maior a aquelas obtidas pelo grupo tratado com o PZQ. Ao utilizar ¼ da dose inicial, (100 mg/kg), o PZQ atingiu apenas 15% de RCV, enquanto os conjuntos de acetogeninas atingiram mais de 40%. Como próximos passos, serão desenvolvidos sistemas de entrega nanoemulsionados para o conjunto C a fim de melhorar sua solubilidade e direcionar os compostos ao sistema gastrointestinal. Por fim, serão realizados experimentos para comparar a farmacocinética dos compostos que contém ou não a ligação dupla terminal. Com estes estudos é esperada a obtenção um protótipo de fármaco para o tratamento oral da esquistossomose a partir de um composto bioativo encontrado em uma planta nativa da Mata Atlântica brasileira.