Efeito da toxina urêmica Indoxil Sulfato no tecido renal e
cardíaco após lesão renal aguda induzida por isquemia renal.
O indoxil sulfato (IS) é uma toxina urêmica derivada do triptofano que se acumula no organismo quando há uma imparidade do funcionamento renal. Possui efeitos hipertróficos no coração, fibróticos no rim e impede a regeneração e o funcionamento adequado dos vasos sanguíneos através da ação de espécies reativas de oxigênio (ROS). As alterações patológicas que acometem concomitantemente os rins e o coração é chamada de síndrome cardiorrenal (SCR) e podem ser dividida em 5 tipos diferentes, sendo a SCR 3 caracterizada pela lesão renal aguda (LRA) responsável por gerar alterações cardíacas posteriores. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da toxina IS no modelo de SCR 3. Para isso, foram utilizados camundongos machos C57BL/6 no protocolo de isquemia e reperfusão (IR) unilateral do pedículo renal esquerdo por 60 minutos acompanhados ou não do tratamento com IS na dose de 100 mg/kg/dia via intraperitoneal por 15 dias. Foram avaliados: i) parâmetros morfométricos renais e cardíacos, e ii) bioquímicos por dosagem de ureia, creatinina, BUN e marcadores moleculares através da análise de expressão gênica por RT-qPCR. As análises estatísticas dos dados foram realizadas a partir da análise de variância (ANOVA) e teste post-hoc de Tukey. Os dados obtidos foram comparados e considerados estatisticamente significativos para os valores de p < 0, 05(*). Como resultado, foi possível observar que o protocolo de IR foi efetivo, visto o aumento da massa do rim direito e diminuição da do rim esquerdo, aumento da expressão gênica de moléculas de lesão renal no rim esquerdo: KIM-1, Cistatina-C e NGAL; além do aumento das citocinas inflamatórias IL-6, IL-1β, TGF-β e TNF-α. O tratamento com IS também aumentou a expressão de KIM-1, IL-1β e TGF-β mesmo em comparação ao grupo IR, demonstrando que o IS foi capaz de acentuar o dano tecidual. Em relação a citocina anti-inflamatória IL-10, não houve diferença entre os grupos em ambos os rins. Também foi analisada a expressão dos transportadores orgânicos de ânions (OATs) 1 e 3, responsáveis pela depuração de IS pelas células tubulares renais. O rim direito não apresentou diferença entre os grupos analisados em ambos OATs, enquanto o rim esquerdo apresentou diminuição apenas na expressão de OAT3 no grupo que sofreu a isquemia quando comparado ao grupo Sham. A dosagem de IS plasmática revelou um aumento significativo no grupo IR+IS em relação ao Sham, e a de p-cresyl sulfato (PCS), manteve-se zerada em todos os grupos. Não foram observadas alterações nos padrões morfométricos e moleculares cardíacos.